quarta-feira, 26 de outubro de 2011

De cobrador de ônibus a ídolo da seleção, Valdin sonha com Mundial

Valdin, Grand Prix Futsal (Foto: Zerosa Filho / CBFS)Valdin é uma das estrelas da seleção brasileira no
Grand Prix (Foto: Zerosa Filho / CBFS)
Melhor jogador da última Copa América e destaque até então da Liga Futsal, João Batista do Nascimento, o Valdin, é um vencedor no jogo da vida. Único representante nordestino na seleção brasileira, o jogador de 32 anos teve de superar diversas barreiras até tornar-se atleta profissional. Autor de quatro gols no Grand Prix, ele conta como ocorreu sua ascensão no futsal e revela que o maior sonho de sua vida é ser campeão do mundo pela seleção brasileira.

Oriundo de uma família de baixa renda, Valdin começou no futsal quando já tinha 21 anos. Atuando pelo modesto Sumov, de Fortaleza, chegou a desistir momentaneamente do esporte ao ficar três meses sem receber salários. Necessitando ter uma renda imediata, conseguiu um emprego de cobrador de ônibus, em Fortaleza. Foi aí que o destino começou a mudar sua vida.

- A empresa onde eu trabalhava tinha um time de salão e um de campo. Eu jogava nos dois. Como comecei a me destacar no salão e o nosso time fez uma ótima campanha em um campeonato regional, recebi uma proposta para jogar profissionalmente pelo Camocim. Aceitei e deixei o emprego. Meses depois, fui chamado para jogar no Palmeiras de Goiás e, de lá, fui para o Jaraguá, onde construí minha carreira, até vir para o Santos, esse ano – conta Valdin, que foi convocado para a seleção pela primeira vez em 2005.

Apesar de ter trilhado seu próprio caminho, o ala/pivô reconhece que há muito o que ser feito pelo futsal nordestino. Sem nenhum time na Liga Futsal, a região vem atuando como mero exportador de jogadores, que, assim como Valdin, buscam um lugar ao sol nos estados do Sul ou do Sudeste.
Valdin, Grand Prix Futsal (Foto: Zerosa Filho / CBFS)O ala/pivô já marcou quatro gols no torneio que está sendo realizada em Manaus (Foto: Zerosa Filho / CBFS)
- O futsal em alto nível está no Sul. No Nordeste, há muitos jogadores talentosos que não conseguem uma oportunidade em um clube catarinense, gaúcho ou paranaense e ficam por lá sem serem descobertos. Tive que ir para o Sul porque sempre pensei em chegar à seleção brasileira – diz ele.

Bem sucedido na carreira, Valdin lamenta que, para um nordestino ser bem tratado no Sul-Sudeste no país, é preciso ter uma condição econômica favorável. Casado há 10 anos com uma conterrânea, ele afirma que vários amigos de sua região já se sentiram discriminados fora do Nordeste.

- É muito comum acontecer isso e vários amigos meus já relataram situações ruins que aconteceram no dia a dia. Comigo, felizmente, nunca ocorreu um problema desse tipo. Se um dia acontecer, vou tentar esquecer e focar no meu trabalho, mostrando o meu valor dentro de quadra – comenta.

Valdin, Grand Prix Futsal (Foto: Zerosa Filho / CBFS)Com 20 tentos em uma partida, Valdin entrou para
história do futsal (Foto: Zerosa Filho / CBFS)
Além do bom momento na seleção e no Santos, Valdin carrega consigo uma marca que dificilmente será quebrada. Em outubro de 2006, na partida em que o Brasil venceu o Timor Leste, por 76 a 0 (placar mais dilatado da história do futsal), pelos Jogos da Lusofonia, em Macau, na China, o atleta marcou 20 gols, sendo o artilheiro do jogo e entrando para a história da modalidade mundial. Demonstrando humildade, o pivô revela que a intenção não era humilhar o adversário.

- Como aquela competição era em pontos corridos e nós enfrentaríamos Portugual na última rodada, buscamos fazer um saldo de gols para termos a vantagem do empate contra os portugueses, já que eles haviam vencido o Timor Leste por 56 a 0. Acabou que o gols foram saindo e eu atingi aquela marca durante a partida. Mas, fico até constrangido em falar nisso, porque parece que o nosso time goleou para humilhar.

Oriundo de uma família católica, Valdin explica a origem do diferente apelido, que acabou virando sua marca pessoal.

- Meu nome ia ser Osvaldo, mas acabou que eu nasci na época de São João Batista, daí mudaram o meu nome em cima da hora. Como minha mãe já estava com o Osvaldo na cabeça, ela passou a me chamar de “Valdinho”, que acabu virando “Valdin” – diverte-se ele, que costuma visitar a família na capital cearense sempre que pode.

Apesar da ascensão pessoal e profissional, o pivô diz que ainda falta algo em sua vida. Trata-se do título mais importante do futsal: o Mundial, que será disputado no próximo ano, na Tailândia. Firmando-se cada vez mais no grupo comandado por Marcos Sorato, ele sente que está próximo de realizar o grande sonho.

- Meu sonho é disputar um Mundial e ser campeão. Já ganhei vários títulos como jogador, mas ainda falta esse. Sinto que estou no caminho certo e, se Deus quiser, vou estar levantando essa taça no ano que vem – finaliza.

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