quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Sem apoio, badminton tem atletas em lista de barrados por dívida de R$ 9 mil

Sobrevivendo apenas com verba pública, CBBd vai apelar para empréstimo. Hoje, nenhum brasileiro poderia participar de torneios internacionais

Por João Gabriel Rodrigues São Paulo
Daniel Paiola, atleta da Seleção Brasileira de Badminton (Foto: Divulgação)Daniel Paiola, principal nome do badminton no
país: problemas na confederação (Foto: Divulgação)
O valor, a princípio, não chega a assustar. Mas, sob intervenção desde o início de 2011, a Confederação Brasileira de Badminton (CBBd) enfrenta uma nova série de problemas. Multada pela Federação Internacional (BWF) por casos de atletas que se inscreveram em competições e não participaram, a entidade se encontra com uma dívida em torno de R$ 9 mil e sem dinheiro em caixa para pagar. Sem patrocinadores e sobrevivendo unicamente com a verba da Lei Agnelo/Piva, que não pode ser usada em pagamento de multas, a Confederação viu sete de seus principais nomes em atividade serem incluídos em uma lista de barrados em torneios internacionais. Inclusive nos classificatórios para os Jogos de Londres.
E poderia ser pior. Dono de uma medalha inédita nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, Daniel Paiola também estaria na lista, não fosse um apelo do interventor Alexandre Augusto Sampaio junto à BWF. A Federação aceitou, já que o atleta já estava a caminho de um torneio em Uganda, e a CBBd ganhou um prazo maior para regularizar o caso do atleta. Hoje, Hugo Arthuso, Yasmin Cury, Fabiana da Silva, Alex Tjong, Luís dos Santos e as irmãs Luana e Lohaynny Vicente aparecem no site da BWF como barrados. Todos eles por não participarem do Aberto da Espanha, no início de outubro, às vésperas do Pan. Por conta disso, nenhum atleta brasileiro, mesmo fora da lista, poderia participar de competições neste momento.
Alexandre se defende. Afirma que, sem patrocinadores próprios, a CBBd não tem como pagar a dívida. A solução encontrada foi um pedido de empréstimo por conta própria.
- São atletas que se inscrevem e, por não comparecerem, acabam gerando uma multa. Estamos fazendo o possível. Só temos os recursos da Lei Agnelo/Piva, que não podem ser usados em multas. E não temos patrocínio. O Paiola estaria na lista, mas solicitamos à BWF que analisasse melhor o caso, porque é um atleta com boas chances de medalha nas Olimpíadas. A BWF não cobrava essas multas, hoje cobra. E a confederação não tem dinheiro para isso, então vai se acumulando – afirmou o interventor.
A CBBd, a princípio, se responsabiliza apenas pelos atletas em competições internacionais. A dívida, no entanto, cresceu também por conta de atletas que não disputaram a Brazil International Cup, reconhecida pela BWF e organizada em São Paulo, em setembro do ano passado. Para regularizar a situação dos atletas em busca da vaga olímpica, porém, a confederação precisa pagar toda a dívida.
Por isso, a CBBd colocou uma nota em seu site, solicitando às federações estaduais e às instituições esportivas o pagamento da multa de cada um de seus atletas. Com as irmãs Luana e Lohaynny na lista de barrados, Sebastião Oliveira, do Miratus Centro de Treinamento de Badminton, se disse surpreso com a cobrança e teme que o problema prejudique a preparação das atletas.
- Não foi um erro nosso. A instituição não se envolve nesses casos. Se eles se complicaram, não podemos fazer nada... Mas fica uma situação chata para os atletas.
Segundo a confederação, o problema será resolvido em breve. Tanto que os atletas barrados foram convocados para a Thomas & Uber Cup, principal competição de equipes de badminton no mundo, que será realizada entre os dias 16 e 19 de fevereiro, na Califórnia.
 

Sem luxo, sem distrações, sem parar: Scheidt quer evoluir até Londres-2012

Bicampeão olímpico se diz apaixonado pela vela e, apesar de favorito ao ouro na classe Star, não pensa nos recordes que pode igualar nas Olimpíadas

Por Alexandre Cossenza Direto de Búzios, RJ
Dizer que "um atleta não sabe parar" é uma referência a alguém que já deveria ter se aposentado. Quase sempre. É possível, por exemplo, transportar a expressão para o mundo da vela e falar de Robert Scheidt. A diferença é que o iatista bicampeão olímpico não sabe ficar parado. Aos 38 anos, o paulista não pensa em recordes nem passa tempo demais lembrando de seus feitos - que foram muitos. Ao vencer todas as regatas da Semana Brasileira de Vela, em Búzios (RJ), ao lado do proeiro Bruno Prada, Scheidt só tinha um verbo para conjugar: "evoluir", o mesmo que repete desde sempre.
Robert Scheidt e Bruno Prada comemoram vitória na vela (Foto:  Fred Hoffmann / Divulgação)Robert Scheidt (à dir.) e Bruno Prada comemoram a vitória em Búzios (Foto: Fred Hoffmann / Divulgação)
- O que me motiva muito é a evolução. Evolução técnica, evolução física, o entrosamento... Saber que, hoje, a gente é uma dupla melhor do que era no passado. Saber que a gente daqui a um mês pode ter aprendido mais alguma coisa. O resultado final, a medalha olímpica ou um título mundial, deixa você feliz, mas é naquele dia, naquela semana. Depois, você já está pensando em outro objetivo. Eu sinto prazer por isso: poder evoluir, melhorar - prega.
Foi assim durante toda a carreira. Scheidt nunca ficou parado. Campeão olímpico na classe Laser em Atlanta/1996, o Alemão sofreu um de seus revezes mais duros em Sydney/2000, quando foi superado pelo britânico Ben Ainslie e teve de se contentar com a prata. Hoje, o iatista diz que não leva sensações negativas de suas derrotas, mas admite que levou alguns meses para digerir aquela última regata na Austrália. A resposta veio em Atenas/2004, com outro ouro na classe Laser - com 13 pontos de vantagem sobre o segundo colocado.
Scheidt seguiu sem parar e trocou a Laser pela Star, uma classe que lhe permitiria mais longevidade. Para a nova empreitada, juntou-se ao proeiro Bruno Prada pouco depois de Atenas. A dupla tomou o lugar de Torben Grael e Marcelo Ferreira e foi a Pequim/2008, de onde voltou, não tão satisfeita, com a prata. Os dois ainda queriam - e conseguiriam - evoluir.
Ainda é muito prazerosa para mim a sensação de velejar. Gosto de usar a força do vento, de conduzir um barco. Gosto da estratégia de uma regata, que mexe muito não só com o físico, mas muito com o mental"
Robert Scheidt
- No ciclo olímpico de Pequim, éramos dois velejadores, um de Laser e outro de Finn, tentando velejar de Star. Neste ciclo (de Londres/2012), a gente virou velejador de Star. A gente usou todos os tipos de barco, todos os tipos de vela. Hoje, temos uma companhia que faz velas exclusivas, que a gente desenvolve. Ninguém mais tem. Acabamos melhorando muito, aprendendo a escolher o equipamento, a regular o barco para cada tipo de condição - explica Prada.
O proeiro diz que o treinamento foi como o de artistas circenses: repetir mil vezes para não errar. "E isso não vai garantir que você não vai errar. É só estatística", ressalta, dizendo ainda que o mais importante é treinar sob pressão, com um parceiro exigente. A rotina de treinos e preparação física não incomoda. No fim da tarde, com o Iate Clube de Búzios quase vazio, Scheidt aparecia só de sunga para nadar. Um hábito que vem da época da Laser e que está incorporado à planilha de treinos. E que torna-se mais prazeroso em águas buzianas: "Aqui é uma água quente, deliciosa para nadar, limpa. Na Europa não posso fazer isso". Poucas coisas tiram o bicampeão olímpico do sério. E ele é rápido ao enumerá-las quando indagado:
- Não gosto do trânsito em São Paulo, não gosto de fila, não gosto de burocracia. Eu gosto de fazer as coisas rápido, gosto de gente pró-ativa, gosto de agilidade. Enfim...
Citado como exemplo de comportamento por iatistas mais jovens, como João Hackerott, de 22 anos, vice-campeão em Búzios na Laser, e Jorge Zarif, de 19, que representará o Brasil em Londres na classe Finn, Scheidt não é ligado ao luxo. Em Búzios, ficou hospedado na mesma pousada que os outros competidores. Seus trajes são simples. Durante a competição, varia entre a sunga da natação e a camisa amarela do Banco do Brasil, seu patrocinador. Na festa pós título, em uma badalada casa noturna da cidade, apareceu com camisa e bermuda. Nada de relógios ou adereços chamativos. O mais próximo de extravagância a que Scheidt se dá direito é um pedido aos organizadores.
- A única coisa que às vezes peço é para ficar em um quarto sozinho. Às vezes você dorme com um cara que ronca, outro que sai à noite e chega mais tarde... Eu gosto de ter um pouco de privacidade. Não sou ligado a luxo. Pra mim, ter uma cama boa para dormir está ótimo.
Robert Scheidt Bruno Prada vela Búzios Star (Foto: Divulgação / Fred Hoffmann)Robert Scheidt e Bruno Prada vão a Londres/2012 com status de favoritos ao ouro (Divulgação / Fred Hoffmann)
Foco no objetivo mais próximo
Campeões mundiais em Perth (Austrália) e líderes do ranking da Star, Scheidt e Prada chegarão a Londres como grandes favoritos. Em caso de pódio, Scheidt conquistará sua quinta medalha e se igualará a Torben Grael como maior atleta olímpico do Brasil (em número de medalhas). Torben, atualmente, também lidera a lista de atleta com mais medalhas em Olimpíadas. Scheidt, porém, fala nas marcas como distração.
- Eu e o Bruno queremos uma medalha. A gente não está pensando muito em quebra de recordes. Isso tira um pouquinho o foco do atleta. Em lembro em Sydney, quando o pessoal falava muito do bicampeonato olímpico para mim. Isso acaba atrapalhando um pouco. Eu quero pensar em chegar em Londres e fazer o meu melhor. Se isso for um recorde, ótimo.
O mesmo tipo de resposta é dado quando o assunto é Rio/2016:
- Primeiro Londres, né? Depois, o Rio. Vamos por etapas.
Scheidt ainda trata a edição brasileira dos Jogos como um sonho distante, mas não é difícil imaginá-lo competindo em águas cariocas. Ou em qualquer outro mar. Acima de tudo, o paulista se diz um apaixonado pelo iatismo.
- Ainda é muito prazerosa para mim a sensação de velejar. Gosto de usar a força do vento, de conduzir um barco. Gosto da parte da estratégia de uma regata, que mexe muito não só com o físico, mas muito com o mental. A vela é um esporte que te leva para muitos lugares do mundo. Você veleja em lugares paradisíacos. É um estilo de vida bacana, gosto dele. Então, enquanto a gente for competitivo, a gente quer continuar assim.

Nadia Comaneci aconselha Diego Hypolito: 'Está tudo na sua cabeça'

Primeira ginasta nota 10 da história conta como foi chegar à perfeição e diz o quanto é difícil levar o ouro sendo campeão mundial, como o brasileiro

Por SporTV.com Rio de Janeiro
Uma das imagens mais marcantes da história das Olimpíadas é a do placar do ginásio de ginástica artística dos Jogos de Montreal, em 1976, exibindo a nota 10 após a apresentação perfeita da romena Nadia Comaneci, então com 14 anos, nas barras assimétricas. Uma perfeição inédita até então na modalidade, tanto que o aparelho eletrônico não estava preparado para a nota máxima. Nos dias seguintes, a atleta tiraria outras sete notas 10, entrando para o olimpo dos grandes atletas.
No dia 12 de novembro do ano passado, Nadia completou 50 anos. Ela vive nos Estados Unidos desde 1989, quando pediu asilo por causa do regime comunista da Romênia. No país, montou uma rede de academias de ginástica ao lado do marido, Bart Conner. E foi em uma delas que a ex-atleta foi entrevistada pela edição de fevereiro do "Rumo a Londres". O assunto principal não poderia deixar de ser aqueles dias perfeitos no Canadá e como ela chegou àquele nível.
- Penso que na minha carreira atlética ganhar um 10 foi um grande dia na minha vida. Acho que você nunca deve tentar fazer mais do que está preparado, porque é onde vai errar. As Olimpíadas acontecem a cada quatro anos. Você só tem uma oportunidade lá. Uma apresentação de ginástica leva um minuto e vinte segundos. É uma combinação de habilidades e psicologia, ser capaz de bloquear todo o barulho que está ao seu redor. E ter a qualidade de um campeão em si. Não é fácil, mas você tem que ser essa pessoa que nasceu para fazer isso - disse Nadia.
ginastica Diego Hypolito na final do solo no Pan de Guadalajara (Foto: Ricardo Bufolin / Photoegrafia) Diego Hypolito na final do solo no Pan de
Guadalajara (Foto: Ricardo Bufolin / Photoegrafia)
As palavras da romena naturalizada americana servem de conselho para o brasileiro Diego Hypolitonos Jogos Olímpicos de Londres. Após ser perguntada sobre o ginasta brasileiro, disse que a pressão por ele ser um campeão mundial deve ser controlada psicologicamente.  
- Não sei o quanto treinam, não sei sobre a preparação, mas há várias pequenas coisas para ser criar esse ambiente perfeito para a apresentação. Muitas vezes, quando você sabe que é um campeão mundial, é muito difícil. Porque você sabe que é um campeão mundial, que esperam que você ganhe as Olimpíadas. E muitos campeões simplesmente não conseguem. Nós temos exemplos na ginástica também. Eu não era uma campeã mundial e ganhei as Olimpíadas. Então, está tudo aqui na sua cabeça - disse Nadia.
Se desconhece o método usado nos treinamentos dos ginastas brasileiros, Nadia entrou em contato com a essência do esporte do país ao se exibir no Rio de Janeiro:
- Sou uma grande fã de Pelé. Quando eu competi no Maracanãzinho muitos anos atrás, ele era a única coisa na qual as pessoas falavam. E eu tive a chance de assistir a um jogo de futebol quando Pelé ainda jogava. Mas quando você pensa nos atletas, pensa nas lendas. E você fala em Pelé, Mark Spitz, Michael Phelps, Maradona, Ali. Mesmo que anos e anos se passem, você vai continuar se lembrando - disse a campeã olímpica.
Para quem representou como poucos a perfeição, Nadia demonstrou a simplicidade dos gênios ao definir a palavra:
- Não tenho certeza se posso ser perfeccionista na minha vida. Eu tento fazer o melhor que posso, porque sei os meus limites. Eu não sei exatamente qual a definição de perfeição. Penso que talvez lá, quando eu tinha 14 anos, naquele momento particular, para os juízes, eu era a melhor de todas. Mas acho que ser perfeito significa quem alcança primeiro um nível superior. Mas aquele nível superior pode durar cinco segundos e alguém virá e será melhor que você.

Leão fecha treino para tentar achar solução para a lateral direita

Sem Piris, machucado, e João Filipe, suspenso, treinador terá de improvisar novamente. Wellington, suspenso no meio, deverá ser substituído por Denilson

Por Marcelo Prado e Marcos Guerra São Paulo
Emerson Leão, treino do São Paulo (Foto: Luiz Pires / VIPCOMM)Leão fechou o treino sem avisar pela primeira vez
desde que chegou (Foto: Luiz Pires / VIPCOMM)
O técnico Emerson Leão resolveu adotar o mistério para preparar o São Paulo, que buscará a reabilitação no Campeonato Paulista nesta quinta-feira, às 19h30m (horário de Brasília), contra o Paulista, no estádio do Morumbi. De última hora, o comandante são-paulino resolveu fechar o treino para tentar encontrar alguma solução para a lateral direita da equipe, que tem tirado o sono do treinador.

Sem Piris, machucado, a solução emergencial seria improvisar João Filipe no setor. Mas o defensor teve atuação ruim no clássico contra o Corinthians, foi expulso e terá de cumprir suspensão automática. Já o outro lateral do elenco, Douglas, tem uma lesão no púbis e só terá condições de jogo dentro de oito semanas.
Foi a primeira vez que o treinador usou deste expediente sem aviso prévio desde que substituiu Adilson Batista, no dia 24 de outubro do ano passado. Nesta quarta-feira, quando os jornalistas tiveram acesso ao CT da Barra Funda, os atletas já treinavam finalizações no gol defendido por Denis, Léo e Leonardo, que se revezavam.
Vale lembrar que, além de Piris e João Filipe, Leão não terá Fabrício e Luis Fabiano, que foram liberados pelo departamento médico, mas ainda aprimoram a forma física, além de Wellington, que também está suspenso.
Com 14 pontos, o São Paulo ocupa a quarta colocação na tabela de classificação, atrás de Palmeiras, Corinthians e Guarani. Para assumir provisoriamente a liderança, a equipe, além de vencer em casa, precisa torcer ao menos por um empate do Bugre diante do Comercial, em Ribeirão Preto. A equipe chegaria aos mesmos 17 pontos dos líderes, mas teria vantagem nos critérios de desempate.

Clique aqui e assista a vídeos do São Paulo
Fabrício e Casemiro disputam lance no trieno desta quarta-feira (Foto: Luiz Pires / VIPCOMM)Fabrício e Casemiro disputam lance durante o treino desta quarta-feira (Foto: Luiz Pires / VIPCOMM)

Contra o Paulista, Jadson tenta afastar fantasma do pênalti perdido

Apesar do erro no clássico contra o Corinthians, domingo passado, meia seguirá cobrando penalidades, adianta Emerson Leão

Por Marcos Guerra São Paulo
O clássico de domingo foi um banho de água fria para Jadosn. Principal contratação do São Paulo para a atual temporada, o meia teve a grande chance de fazer seu primeiro gol pelo Tricolor e, de quebra, empatar o confronto com o rival Corinthians., no Pacaembu, pela sétima rodada do Paulistão. No entanto, o camisa 10 mandou a bola por cima do gol em uma cobrança de pênalti (assista ao lance no vídeo), e o time do Morumbi perdeu o jogo por 1 a 0. O golpe foi duro, mas Jadson espera deixá-lo no passado o quanto antes.

- É ruim perder um clássico tão importante, ainda mais errando esse pênalti. Agora, tenho de erguer a cabeça, continuar trabalhando para ajudar o time a brigar pela liderança. Espero que o próximo jogo possa chegar logo para que possamos apagar essa derrota.

A primeira chance de Jadson exorcizar o fantasma do pênalti perdido será nesta quinta-feira, às 19h30m, (horário de Brasília), quando os comandados do técnico Emerson Leão encaram o Paulista, no Morumbi, pelo estadual. O treinador já saiu em defesa do meia. Se houver outro pênalti, Jadson poderá se candidatar a cobrar novamente.

- Ele sabe bater. Estava ansioso pelo gol, que seria seu primeiro pelo São Paulo, mas foi apenas o primeiro perdido. Se ele repetir a má conduta, não cobrará mais, só que não é o caso – disse o treinador.

Apesar da decepção, Jadson não se sente abatido. Ele está confiante para a sequência do Campeonato Paulista.

- A equipe está crescendo a cada jogo. É um grupo novo que está se formando. Não é de uma hora para outra que as coisas vão se encaixar. A cada treino, como também nos jogos, estamos nos adaptando para que possamos levar o São Paulo aos títulos – completou o jogador.

Expulso em clássico, João Filipe perde status de xodó e vira vilão

Zagueiro chegou a ser apontado como 'solução' para o São Paulo em 2011. Com Leão, perdeu espaço. Quando teve chance para se redimir, falhou

Por Marcelo Prado e Marcos Guerra São Paulo
De solução a vilão em pouco mais de seis meses. A ascensão de João Filipe no São Paulo foi meteórica. Mal chegou ao time do Morumbi, em agosto do ano passado, o zagueiro já caiu nas graças da torcida e do técnico  Adilson Batista. Mas seu desempenho caiu, a chefia do time mudou, e João Filipe passou ao papel de figurante. Quando teve nova chance, o defensor não se apresentou bem e acabou piorando sua situação. Expulso na derrota diante do rival Corinthians, domingo passado, por um pontapé em Jorge Henirque, o beque deixou de uma vez a lista dos xodós da torcida tricolor (assista ao lance da expulsão no vídeo ao lado).
– Quase todas as perguntas são sobre o rapaz. Não estamos aqui para procurar culpados, mas para consertar o erro. Temos de parar de individualizar, mas não podemos esconder: ele errou e sabe disso – disse o técnico Emerson Leão.
João Filipe apareceu de maneira inesperada no Tricolor. Ele pertencia ao Botafogo e viu no São Paulo a chance de aparecer. O zagueiro chegou ao Morumbi em uma sexta, treinou no sábado e, no domingo, dia 7 de agosto, ajudou o Tricolor a vencer o Avaí, por 2 a 1.
joão filipe são paulo x corinthians (Foto: Wagner Carmo/Agência Estado)João Filipe levou o vermelho por pontapé em Jorge Henrique (Foto: Wagner Carmo/Agência Estado)

Com atuações seguras e muita vontade, o grandalhão de 1,90m até ganhou o apelido de "Blackenbauer" no ano passado. Enquanto Adilson Batista esteve no comando, o jogador foi um dos destaques do time. Uma de suas principais características, a arrancada para o ataque era incentivada pelo antigo treinador.
Como os resultados dentro de campo não ajudaram, Adilson caiu. E Emerson Leão, de maneira emergencial, acabou contratado. Foi justamente nesta época que o rendimento de João Filipe despencou. O ex-goleiro e atual técnico do Tricolor tem simpatia por beques rebatedores, que jogam de maneira simples. As arrancadas de João Felipe, antes tão elogiadas, viraram um "defeito".
– A coisa mais difícil de fazer na vida é ser simples. Isso é o que procuro passar para ele. Seja simples, não faça o que não sabe – disse Leão.
Na derrota para o Bahia, em Salvador, por 4 a 3, pelo Brasileirão, o zagueiro entrou de vez na mira do comandante. O Tricolor vencia por 3 a 2, e João Filipe foi ao banco de reservas reclamar de cansaço. Leão, então, pediu ao jogador que atuasse parado na defesa e só rebatesse as bolas, já que não possuía outro beque na suplência. No lance seguinte, o defensor deu mais uma de suas arrancadas ao ataque. Na volta, pediu substituição. Sem alternativa, o treinador colocou o volante Rodrigo Caio improvisado na posição, o São Paulo levou a virada e saiu de campo derrotado: 4 a 3. Após esse episódio, João Filipe foi deixado de lado por Leão, que só voltou a utilizá-lo no clássico da última rodada do Brasileirão, contra o Santos, em Mogi Mirim.
Em 2012, a situação seguiu complicada para João, que virou a quarta opção, atrás de Paulo Miranda, Rhodolfo e Edson Silva. Com a lesão do lateral-direito Piris, porém, o zagueiro reapareceu improvisado. E virou vilão da torcida ao ser crucificado após a derrota por 1 a 0 para o Corinthians. Além de bobear no gol marcado por Danilo, ele foi expulso no segundo tempo por acertar Jorge Henrique.
Em entrevistas, Leão defende o jogador e diz que irá incentivá-lo. No entanto, o treinador não está nada contente com o zagueiro. João Filipe vai ter de trabalhar muito para ganhar nova chance. Hoje, sua situação só não é pior porque Bruno Uvini foi negociado com o Tottenham-ING. Na última terça, o treinador comandou um coletivo e o defensor não foi usado. Wellington, que também estava suspenso, atuou normalmente na equipe reserva, justamente na ala direita, posição que João havia herdado com a lesão de Piris.

Joel Santana inicia nova era pela Libertadores: '2008 é ferida fechada'

Perto da estreia, técnico do Fla diz que trauma é passado, apimenta polêmica Pelé x Maradona e garante que Ronaldinho 'é do bem'

Por Janir Júnior Buenos Aires
Aos 63 anos, Joel Santana começa nesta quarta-feira, às 22h, mais uma disputa de Libertadores, diante do Lanús. Na sua quinta passagem pelo Flamengo, o treinador exibe fios brancos na cabeça, mas ainda não é de preocupação. Segundo ele, que admite pintar os cabelos, é charme.
Simples, de palavras fáceis e sempre com boas tiradas, Joel bateu um papo com o GLOBOESPORTE.COM. No começo da entrevista, é possível perceber um treinador com declarações mais sérias. Ele promete que será a última vez que comenta a eliminação para o América do México, em 2008, e destaca Ronaldinho Gaúcho como um futuro amigo.
- É um cara do bem, como muitos outros com que trabalhei que falavam que não eram do bem: o Baixinho é do bem, o Edmundo, o Renato Gaúcho... Nunca tive problemas com os caras. Não ia ter problema agora com o Ronaldo.
Joel Santana Flamengo (Foto: Janir Junior / Globoesporte.com)Joel deixa de lado o tom brincalhão quando o assunto é Libertadores (Foto: Janir Junior / Globoesporte.com)
Aos poucos, porém, Joel passa a ser o Joel de sempre. Primeiro, ao dar uma cutucada nos argentinos na comparação entre Pelé e Maradona.
- Eles se acham donos do mundo. Eles querem comparar Maradona com Pelé, quer coisa mais absurda do que isso? Não dá, né!
Depois, o carioca nascido na Rua Bariri, em Olaria, subúrbio do Rio, se diz feliz por voltar a andar pela cidade com seu chinelo de dedo e tomar café na padaria.
Em Salvador, Joel ficou impressionado com ensopado de ostras, peixe e camarão. Mas nada que possa roubar o posto do seu prato preferido:
ronaldinho gaúcho joel santana flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Fla Imagem)Joel orienta Ronaldinho : 'É do bem'
(Foto: Alexandre Vidal/Fla Imagem)
- Macarrão com salsicha é o titular porque é o prato que sei fazer quando estou sozinho. Está de bom tamanho. Se frita um ovo, aí vira banquete. Vou fazer o que, chorar da vida?
Não, ele sorri. Muitas vezes, o jeito Joel de ser rendeu ironias. Como no episódio quando comandava a África do Sul. Ao dar uma entrevista num inglês suspeito, o treinador virou alvo de sátiras. Na época, ficou magoado. Hoje, faz piada consigo mesmo e ganha dinheiro num comercial de refrigerante.
- Pode ser? Pode ser. Pode to be? Pode to be. Tudo pode, a vida é assim. Aproveitei uma sátira que fizeram, que até ultrapassou os limites, arrumou-se um jeito e transformamos numa propaganda que deu certo, que marcou, que está bombando. E vai sair outra - anunciou o treinador.
O próximo slogan ele não revela. Mas na marca de Joel está escrito: simplicidade e felicidade de viver. E também de rir. E fazer rir.
GLOBOESPORTE.COM: Como é voltar a disputar uma Libertadores, um campeonato diferente?
JOEL: Hoje, o futebol brasileiro tem dado mais credibilidade a essa competição, se prepara melhor. Antigamente, no Brasil, não davam muita atenção. Mas ainda temos muitos erros. Em outros países como Argentina e Uruguai, eles trabalham primeiro em cima da Libertadores, depois outros campeonatos em termos de tabela e regulamento. Nós temos um sofrimento muito grande. Vou dar um exemplo: vou jogar contra uma equipe que atuou na sexta-feira (contra o San Lorenzo). Nós jogamos no domingo, em Macaé, chegamos de madrugada, viajamos na segunda para jogar na quarta. Olha a disparidade. Voltaremos para o Brasil na quinta e no sábado de Carnaval já estaremos em campo. Temos que rever tabelas de campeonatos para entrarmos mais preparados, principalmente nos aspectos psicológico, técnico e físico. Libertadores, fora o Mundial no fim do ano, é o campeonato mais importante.
Todo mundo achou que o jogo estava ganho (contra o América do México, em 2008), mas futebol só se ganha quando termina. Você sabe, estou te respondendo essa pergunta, acho que será pela última vez. É muito tempo para eu ficar curando essa ferida. Essa ferida está totalmente fechada"
Sobre a traumática eliminação de 2008
Como você costuma dizer, 2008 (quando Joel comandava o time que foi eliminado pelo América do México, na derrota por 3 a 0, no Maracanã, vídeo abaixo) já passou, mas ficou algum trauma, a dor foi grande?
Engraçado que só botam na minha conta aquele jogo, rapaz. Teve um monte de coisa que envolveu aquela partida, até questão emocional. Jogamos no domingo, tivemos a festa da Federação na segunda-feira e fomos jogar na quarta. Todo mundo achou que o jogo estava ganho, mas futebol só se ganha quando termina. E eu com a missão de sair... (para assumir a seleção da África do Sul). Você sabe, estou te respondendo essa pergunta, acho que será pela última vez. É muito tempo para eu ficar curando essa ferida. Essa ferida está totalmente fechada, vamos partir para frente. Aconteceu, são coisas que acontecem de cem em cem anos, de mil em mil anos. Agora temos que pensar em jogar a atual Libertadores.
Qual a diferença de se trabalhar no Flamengo em relação a outros clubes do Brasil? Nesta terça-feira, você chegou a usar a frase de Ronaldinho de que Flamengo é Flamengo...
Não quero fazer comparação, pois às vezes levam para outro lado e não fica bem, já que trabalhei em outros clubes e gozo de carinho de torcidas e dirigentes. Coloquei isso (Flamengo é Flamengo) porque o cara me fez uma pergunta achando que nós viemos aqui, com todo respeito ao time deles, recuados, com medo ou coisa parecida. Argentino tem disso, eles se acham bons de tudo, mas quando se fala do Flamengo – assim como Corinthians e outros clubes grandes brasileiros – eles têm que parar para ouvir. Nós ainda somos os melhores do mundo. Com essa coisa do Barcelona, parece que nosso futebol acabou, que eles são os donos do mundo. Não é bem por aí. Temos cinco campeonatos mundiais, os maiores talentos que surgiram foram brasileiros. Quando eles (jornalistas argentinos) falam, têm que pensar e encher a boca, pois não estão falando de um clube qualquer, mas sim de uma paixão, de uma nação. Nós brasileiros temos que dar valor ao que somos e representamos, principalmente no esporte que ainda dominamos, queiram ou não queiram, com todas as dificuldades. Eles têm que respeitar, mas se acham os donos do mundo. Eles querem comparar Maradona com Pelé, quer coisa mais absurda do que isso? Não dá, né! (Joel solta um riso de canto de boca).
Não tem comparação entre Pelé e Maradona?
Não faz isso... O Pelé é o atleta do século, o cara é rei, né? Tem coisa na vida que não dá. Tem que saber o seu lugar. O outro (Maradona) foi um grande jogador, mas não resta dúvida, Pelé foi maravilhoso, um showman sobre todos os aspectos. Pelé é Pelé, acabou.
O pessoal falou tanta coisa e não é nada disso. É um cara do bem, como muitos outros com quem trabalhei e que falavam que não eram do bem: o Baixinho é do bem, o Edmundo é do bem, Renato Gaúcho é do bem. Nunca tive problemas com os caras. Não ia ter problema agora com o Ronaldo"
Sobre o comportamento de R10
Por falar em grande jogador, o que você pode dizer desses poucos dias de convivência com Ronaldo?
Não tem problema, tudo que foi programado ele cumpriu como profissional que é, o que representa em termos de grupo. Ele é estrela, o exemplo, os garotos se miram nele. Graças a Deus as coisas estão correndo maravilhosamente bem. É um cara tranquilo, na dele, sem ser arrogante, com humildade, pergunta as coisas quando não sabe. Estou achando muito bom trabalhar com ele, foi mais um aprendizado que eu tive. O pessoal falou tanta coisa e não é nada disso. É um cara do bem, como muitos outros com quem trabalhei e que falavam que não eram do bem: o Baixinho é do bem, o Edmundo é do bem, Renato Gaúcho é do bem. Nunca tive problemas com os caras. Não ia ter problema agora com o Ronaldo. Jamais.
Na sua apresentação no Flamengo, você contou de um caso de um jogador que te procurou e você ficou emocionado...Poderia falar mais?
Tem um garoto que estava fora, e ele já tinha sido titular comigo, infelizmente machucou o joelho quando estava num bom momento. Dali para cá ele veio numa queda assustadora. Ele estava afastado e a primeira coisa que eu fiz foi reintegrá-lo em respeito a ele. (Joel pergunta a um dos seus auxiliares: “qual o nome dele, aquele grandão?”) É o Rômulo. Assim que eu cheguei ele estava muito feliz e veio me falar que eu não sabia a gratidão que ele tem por mim. Um garoto, um jogador sempre fiel que conheci nos juniores do Flamengo. Ele ficou muito emocionado (Nota: o volante Rômulo foi lançado por Joel em 2007 e se firmou como titular na campanha que levou o clube da zona de rebaixamento à vaga na Libertadores. Entretanto, machucou-se no fim daquele mesmo ano e jamais voltou a render como antes. Foi emprestado a diversos clubes e, agora, está de volta ao Flamengo).
Você tem falado da sua felicidade com a vida. Que fase é essa, de onde vem essa alegria? Voltar ao Rio também te faz bem?
É minha cidade. Eu caminho, coloco meu chinelo de dedo e vou na esquina comprar meu jornal, vou tomar café na padaria, eu gosto de bater papo, as pessoas que me envolvem, de cumprimentar, dar bom dia, boa tarde e boa noite. Pegar minha cadeira e ir à praia ler meu jornal. Você se sente mais à vontade. Isso não quer dizer que em outros estados que passei eu não tenha gostado. Na Bahia, estava morando num lugar muito bom, de frente para a praia. E a Bahia também me atende muito bem. Mas em casa é diferente, você tem mais facilidade para fazer as coisas. Você imagina um treinador como eu, de 25, 30 anos de profissão, vivendo com viagens, concentrações, cobranças. Tem gente que te chama de incompetente, mas estou aí, sobrevivendo. Em 81 comecei nos juniores, subi para o profissional em 86, vim trabalhando nas maiores equipes desse país, nos grandes times do Rio, cinco vezes no Flamengo, cinco no Vasco, três no Fluminense, três no Botafogo. Isso não é para qualquer um, não. Você ainda ter força para voltar num clube como esse, uma casa como essa, onde todo mundo te abraça, quer dar um beijo, pegar autógrafo, fotografia.
Marcelo Salles Joel Santana Mauricio Albuquerque Flamengo (Foto: Janir Junior / Globoesporte.com)Joel sorri com auxiliares Mauricio Albuquerque (esq) e Marcelo Salles (Foto: Janir Junior / Globoesporte.com)
É difícil a vida de treinador?
Até me emociono quando falo sobre isso. A vida do treinador só ele sabe como é, o que sente, sofre, o momento de angústia. A gente dorme mal, tudo que passa pela nossa cabeça, as decisões que precisa tomar, que às vezes são erradas, mas você faz pensando em acertar. Escalar o time é fácil, problema é quem vai para o banco e quem você corta. Estou cheio de garotos no Flamengo, e deixo cada um mais à vontade que o outro. Para se ter respeito não precisa bater nem maltratar. Não estou aqui para ensinar nada, mas sim para passar experiência. A vida me ensinou. O futebol me ensinou. Não estou aqui por acaso, mas por merecimento. A torcida do Flamengo me respeita, no domingo (diante do Nova Iguaçu) ela gritou meu nome. Isso não acontece todo dia. Até bandeira com meu rosto tem. A vida do treinador é uma das coisas mais sofridas do mundo. Não é mole, não. Tem que ter coração de leão.
Você acha que seu jeito simples faz com que tenha essa grande identificação com a torcida do Flamengo?
Sou assim porque sou assim mesmo. Cada um tem sua maneira de ser. Mas não faço isso para agradar, eu nasci assim. Faz parte da minha vida"
Sobre o jeito simples de ser
Com certeza. Às vezes, as pessoas não chegam até o treinador com medo de serem recebidas mal. A primeira coisa que faço é brincar para dar uma relaxada, dou um beijo na criança primeiro, falo que tem que pagar pedágio para dar um abraço. Quem faz o treinador é a torcida. O cara bate uma fotografia e fala: “pô, esse cara é legal, simples pra caramba”. Não interessa andar amargurado, dizer que não vou tirar uma fotografia, pedir um autógrafo e eu não assinar. Sou representante do clube, que faço propaganda para o clube, ajudo a angariar torcedores. O torcedor é o maior patrimônio que temos. Sou assim porque sou assim mesmo. Gosto de usar um tênis, uma calça jeans, uma camisa mais solta. Às vezes, quando vou numa festa, boto uma coisinha mais aqui, mais ali. Cada um tem sua maneira de ser. Mas não faço isso para agradar, eu nasci assim. Faz parte da minha vida.
Pela sua simplicidade, na sua passagem pela Bahia, você trocou seu prato preferido, que sempre disse que é macarrão com salsicha, pelo acarajé?
Acarajé eu não gosto, mas gosto de um ensopado de peixe, ostra, camarão, com pouco azeite de dendê, senão maltrata o menino (risos). Mas o ensopado lá é bom, cara.
Mas o ensopado tomou o lugar do macarrão com salsicha?
Não, macarrão com salsicha é o titular porque é o prato que sei fazer quando estou sozinho. Está de bom tamanho. Se frita um ovo, aí vira banquete. Vou fazer o que, chorar da vida? Aí convida os amigos...
Mas os amigos vão?
Têm um bocão danado.
Você viu o comandante, rapaz? Pernudo, hein! Eu vim sentadinho na janela, um céu de brigadeiro, tudo bonito, o avião desfilando, Argentina, aí ele soltou aquela lá de dentro... Falei: 'comanda o teu avião aí'"
Sobre o piloto ter pedido a escalação da garotada pelo alto-falante do avião
Você sendo muito acessível aos torcedores, o pessoal aproveita para cornetar. No voo do Brasil para Buenos Aires, o comandante cobrou no alto-falante que você deveria escalar a garotada...
Você viu o comandante, rapaz? Pernudo, hein! Já estava quase na hora de descer, já vínhamos traumatizados do voo em Macaé (quando a delegação enfrentou forte turbulência), eu vim sentadinho na janela, um céu de brigadeiro, tudo bonito, o avião desfilando, Argentina, aí ele soltou aquela lá de dentro... Falei: “comanda o teu avião aí”. Quando ia descer falei com ele: “Pô, até tu Brutus?!. Vou tomar teu lugar aí você vai ver se é legal”. Mas é o torcedor, ele falou numa boa, descontraiu, jamais levaria a mal. Quando é uma brincadeira sadia a gente participa. Quando é feia, debochada, que mexe com teu íntimo, aí não temos mais idade para isso. Lidando com público, depende da maneira como o cara chega, como aconteceu na entrevista de forma debochada (quando um jornalista argentino ironizou Joel ao questionar a escalação do time). Mas a vida é assim, temos que saber medir as palavras.
Até por conta da sua resposta, quando você assumiu a África do Sul muito foi alvo de brincadeiras e ironias pelo seu inglês. Na época, você ficou chateado, magoado, mas acabou usando isso a seu favor, saiu por cima, fez comercial de refrigerante e ganhou dinheiro. Como foi isso?
Pode ser? Pode ser. Pode to be? Pode to be. Tudo pode, a vida é assim. Aproveitei uma sátira que fizeram, que até ultrapassou os limites, arrumou-se um jeito e transformamos numa propaganda que deu certo, que marcou, que tá bombando. E vai sair outra.
Ainda nem pingou o dindim, mas vem outra (propaganda) legal. Da sátira fizemos uma coisa profissional sem agredir ninguém. E foi bem recebido por todos"
Sobre o anúncio de refrigerantes no qual brinca com o próprio jeito de falar inglês
Qual o slogan da próxima?
Você já quer saber na frente do meu patrocinador, pô?! Deixa ele bancar para depois dizer. Ainda nem pingou o dindim, mas vem outra legal. Da sátira fizemos uma coisa profissional sem agredir ninguém. E foi bem recebido por todos. Estava no Festival de Verão, em Salvador, e entre uma atração e outra, quando passava o comercial, era uma sensação. Está tudo bem. Se todo mundo chegar na minha idade como eu...Trabalho nessa potência do Flamengo, minha filha está em Londres fazendo doutorado, meu filho está quase passando numa prova da OAB que é muito difícil, tenho grandes amigos, não posso reclamar de nada, só agradecer. Mas também não vou dar motivos para acontecerem problemas. Sou pessoa pública, qualquer estalinho vira uma cabeça de nego, não sei se você é do tempo da cabeça de nego. Gosto de grandes desafios e espero que as coisas deem certo como eu imagino.
Posso fazer um último comentário, você não fica chateado?
Depende.
Percebi que você ganhou alguns cabelos brancos...
Eu pinto o cabelo mesmo, isso é xampu, não escondo de ninguém, não...
Mas do lado está branco...
É porque estou dando um trato para dar mais um charme. Quando você tiver na minha idade vai pintar também. Ou vai implantar.